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terça-feira, 18 de junho de 2019

Menina e Moça

Está naquela idade inquieta e duvidosa, 
Que não é dia claro e é já o alvorecer; 
Entreaberto botão, entrefechada rosa,
Um pouco de menina e um pouco de mulher. 

Às vezes recatada, outras estouvadinha, 
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor; 
Tem coisas de criança e modos de mocinha, 
Estuda o catecismo e lê versos de amor. 

Outras vezes valsando, e seio lhe palpita, 
De cansaço talvez, talvez de comoção. 
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita, 
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração. 

Outras vezes beijando a boneca enfeitada, 
Olha furtivamente o primo que sorri; 
E se corre parece, à brisa enamorada, 
Abrir asas de um anjo e tranças de uma huri. 

Quando a sala atravessa, é raro que não lance 
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar 
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance 
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar. 

É que esta criatura, adorável, divina, 
Nem se pode explicar, nem se pode entender: 
Procura-se a mulher e encontra-se a menina, 
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!
Machado de Assis

sábado, 8 de julho de 2017

A Macieira

Mulheres são como maçãs em árvores.
As melhores estão no topo.
Os homens não querem alcançar essas boas, 
porque eles têm medo de cair e se machucar. 
Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão,
que não são boas como as do topo,
mas são fáceis de se conseguir.
Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas,
quando na verdade, eles estão errados...
Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar,
aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.
Machado de Assis


quarta-feira, 13 de agosto de 2014