segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Entre o luar e o arvoredo

Entre o luar e o arvoredo, 
Entre o desejo e não pensar 
Meu ser secreto vai a medo 
Entre o arvoredo e o luar. 
Tudo é longínquo, tudo é enredo. 
Tudo é não ter nem encontrar. 
Entre o que a brisa traz e a hora, 
Entre o que foi e o que a alma faz, 
Meu ser oculto já não chora 
Entre a hora e o que a brisa traz. 
Tudo não foi, tudo se ignora. 
Tudo em silêncio se desfaz.
Fernando Pessoa